SÃO PAULO - Localizada ao sul da região metropolitana de São Paulo, a Represa Billings deve ter uma participação maior no abastecimento de água nos próximos meses. Com um tamanho semelhante ao Cantareira, mas com águas poluídas, a Billings pode ser utilizada para socorrer consumidores que hoje são abastecidos pelos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê, segundo o governador Geraldo Alckmin.
— Todo trabalho vai ser em torno da represa Billings, porque a Billings é maior do que o Cantareira. Ela tem 1,2 bilhão de metros cúbicos e está com mais de 50% de reservação. Então ela pode ajudar o Guarapiranga e o Alto Tietê — disse Alckmin.
Atualmente, cerca de 2 mil litros por segundo saem da represa para o sistema Guarapiranga, que atende 4,9 milhões de pessoas. Em visita a Taboão da Serra, na Grande São Paulo, Alckmin disse que os técnicos da Sabesp estudam como aumentar essa quantidade e como utilizá-la para socorrer também as 4,9 milhões de pessoas que hoje são atendidas pelo Alto Tietê.
— O que nós vamos é aumentar [a vazão]. Acho que nós podemos colocar mais um metro cúbico por segundo da Billings para a Guarapiranga e aumentar quatro metros cúbicos por segundo para o Alto Tietê — afirmou.
A poluição da Billings vem de esgoto jogado direto no manancial, da ocupação irregular de suas margens e do assoreamento. Além disso, parte do seu volume é destinado a geração de energia na Usina Henry Borden, em Cubatão, cuja produção abastece indústrias da Baixada Santista.
Antes de ser destinada a consumo humano, a água passa por tratamento que respeita padrões de qualidade, segundo a Sabesp. Questionada sobre detalhes de como funcionaria o projeto anunciado pelo governador Alckmin nesta tarde, a companhia ainda não respondeu.
O governador voltou a negar a possibilidade de fazer racionamento de água na região metropolitana, embora muitos paulistanos reclamem, desde março, que falta água em suas casas de forma constante:
— Nós estamos trabalhando para garantir o abastecimento da população, [em] um mês totalmente atípico. A média histórica [de chuva] do Cantareira para o mês de janeiro é de 271 milímetros. Nós tivemos até hoje, dia 21, 60 milímetros. A mínima histórica era 110, nós estamos com a metade da mínima histórica e um calor impressionante.
Em nota, a Sabesp informa:
“Há muitos anos, a tecnologia permite a transformação de água poluída em água potável através de tratamento. Por essa razão, há quase 60 anos a Sabesp utiliza água da Represa Billings por meio do rio Grande e do Taquacetuba, dois dos seus braços. O Sistema Rio Grande é de 1958 e a água do Taquacetuba é retirada desde o ano 2000. Do rio Grande são captados 5,5 m3/s e do braço do Taquacetuba (também contribuinte da Billings e cuja água vai para o Guarapiranga) são 2,19 m3/s. A capacidade do Sistema Rio Grande é de 112 milhões de metros cúbicos. Somando-se Sistema Rio Grande e Taquacetuba, a água fornecida pela Billings é de 7,69 m3/s, o que dá para atender cerca de 2,3 milhões de pessoas, equivalendo a mais de um terço do Cantareira ou metade do Sistema Alto Tietê. Além disso, a Billings contribui com o rio Cubatão, cujas águas são utilizadas para o abastecimento do litoral paulista. Essa contribuição ao rio Cubatão representa água para abastecer cerca de 250 mil pessoas. Um dos projetos apresentados pelo Governo de São Paulo ao Governo Federal no final do ano passado e aprovado para entrar no PAC é a interligação do rio Pequeno (outro braço da Billings) ao rio Grande, que acrescenta mais 2,2 m3/s à produção do Sistema Rio Grande. É importante salientar que isso aumentará a contribuição do Rio Grande, que através da interligação de sistemas já tem ajudado a diminuir a demanda do Cantareira”.
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