Promotor Eloilson, do MP-CE: "Investigaçõess Seguem em Vários Municípios".
Para além dos desdobramentos que terá a prisão da prefeita recém-eleita
do município de Trairi (Litoral Oeste), a operação realizada na última
terça-feira naquela cidade representou fato inédito na política
cearense. De acordo com o promotor de Justiça Eloílson Landim, foi a
primeira vez que, no Ceará, um prefeito eleito é preso antes mesmo de
assumir o mandato.
Após o município testemunhar o episódio até então nunca antes visto no
Estado, o Ministério Público do Ceará aponta a possibilidade de outros
futuros gestores cearenses serem impedidos de assumir a gestão para a
qual foram eleitos no último pleito. “As investigações das promotorias
seguem em vários municípios. Se forem confirmados indícios de crime
eleitoral, outros prefeitos eleitos poderão ser presos antes da
diplomação”, pontuou Eloílson Landim.
A operação desencadeada na última terça-feira foi encabeçada pelo
Ministério Público Estadual, Polícia Federal e Procuradoria Regional
Eleitoral. As 12 ordens de prisão foram expedidas pelo juiz eleitoral
Fernando Teles de Paula Lima.
Em Trairi, além da prefeita eleita Regina Nara Batista Porto (PSDB),
foram presos o vice-prefeito eleito, dois vereadores, além de parentes e
funcionários de grupo político encabeçado pelo PSDB e pelo PSL. Todos
são investigados por formação de quadrilha, corrupção eleitoral e
transporte irregular de eleitores. Se comprovados os crimes, será aberta
uma ação de impugnação de mandato para que prefeita e vice sejam
impedidos de assumir a gestão.
Sem foro privilegiado
Segundo a Justiça
Eleitoral, o diferencial de um prefeito eleito ser preso antes de tomar
posse, no dia 1º de janeiro, é que ele será julgado pelo Tribunal
Regional Eleitoral (TRE), sem o foro privilegiado a que as autoridades
têm direito. Até o dia 31 de dezembro, se mais investigações avançarem,
prefeitos eleitos de diversos recantos do Ceará poderão ser presos e
tornar o que era inédito em algo menos raro na política cearense.
Para o promotor Eloílson Landim, o sucesso da ação pioneira em Trairi
aponta para o empenho dos órgãos de fiscalização e para um desgaste no
processo eleitoral no Brasil. “Isso (as prisões) prova que a eleição é
uma grande mentira. Do jeito que está, ela não vai mudar nada. É preciso
mudar o sistema político brasileiro. E os órgãos fiscalizadores
precisam atuar mais”, avalia o representante do MP.
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