sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ministério da Justiça Pede, e Armas Poderão Valer Ingressos em 2014

Seleção contra o desarmamento em Belém (Foto: Rafael Ribeiro/CBF) 
Seleção entrou em campo em Belém com faixa a favor do desarmamento. 

O desarmamento pode ser um dos temas sociais da Copa do Mundo de 2014. A proposta já foi feita à Fifa pelo governo brasileiro, em parceria com entidades sociais, e teve uma resposta positiva. As iniciativas que serão adotadas ainda estão em análise, mas uma das ideias é que armas entregues voluntariamente pela população possam ser trocadas por ingressos para os jogos do Mundial. 

A ideia partiu do Ministério da Justiça, que realiza há quase 10 anos campanhas anuais de desarmamento no país. Hoje, o brasileiro que possuir uma arma, registrada ou não, pode entregá-la ao governo voluntariamente e de forma anônima em troca de indenização. A ideia é tornar essa campanha mundial, angariando a participação de outros países que apoiem a ideia e aproveitando a visibilidade da Copa do Mundo.

A defesa da iniciativa no Congresso tem sido feita pela rede Desarma Brasil, que reúne mais de 70 organizações não-governamentais de todo o país que apoiam o desarmamento. Assessora parlamentar da rede, Cilma Azevedo diz que a ideia se baseia na força de mobilização social que tem o futebol - em amistosos recentes, a Seleção Brasileira apresentou faixas apoiando o desarmamento. 

- A letalidade das armas de fogo é muito forte, e a gente vê que o futebol mobiliza as pessoas. Há muitos anos a CBF abre espaço para isso, esse ano foram duas vezes. Lá em Belém todo mundo gritou e aplaudiu com força na hora em que os jogadores abriram uma faixa pedindo o desarmamento - disse.

A adoção de temas relevantes do país-sede do Mundial é uma tradição - em 2010, por exemplo, as campanhas foram relacionados à educação, saúde e, principalmente, ao combate à Aids, doença que tem forte impacto na África do Sul. 

- O Brasil vai ter um tema social que retrata muito forte a realidade brasileira, mas pensando no mundo inteiro. O Brasil está agindo na nossa localidade, mas fazendo uma ação que impacta no mundo inteiro para que vidas sejam poupadas - diz Cilma.

Outra ação proposta é a de que as armas sejam trocadas não só por ingressos, mas por bolas oficiais da competição e camisas autografadas das seleções. Também existe uma ideia de que o aço das armas entregues e destruídas seja utilizado na produção de traves e travessões para os gols do estádios que receberão jogos do Mundial e de campos de projetos esportivos da Fifa pelo mundo.

Os idealizadores do projeto defendem ainda que seja criada uma competição entre os países que aderirem à campanha. Eles esperam conseguir o apoio de artistas internacionais e jogadores de renome à causa. 

'Não vamos ter a quantidade de ingressos necessária', diz Valcke
O relator da Lei Geral da Copa na Câmara dos Deputados, deputado Vicente Cândido (PT-SP), disse já ter conversado com a Fifa sobre o tema, e que a proposta será incluída na regulamentação em discussão pelo parlamento.

- Nós vamos incluir no texto, o espírito do programa já está incorporado. A partir daí é definir detalhes, como organizar e a dimensão da campanha. A Fifa já aceitou e com muito empenho em fazer dar certo. A bola está com a gente para organizar.

Questionado sobre o tema durante a audiência em que participou essa semana no Congresso, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, chegou a fazer uma declaração polêmica sobre o tema – considerada uma “brincadeira” pelo relator. 

- Eu não vou dizer que vamos trocar todas as armas por ingressos, porque eu acho que tem tanta arma no Brasil que a gente não vai ter a quantidade de ingressos necessária. Mas nós incluiremos a campanha no conjunto de campanhas sociais. A Copa do Mundo são 32 dias, e a gente pode organizar eventos especiais durante a Copa do Mundo, especialmente quando temos os dias de pausa - argumentou Valcke, ainda cético, em Brasília.



Fonte: G1.

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